O Bem Deliberar

Querido leitor e querida leitora, que vocês estejam bem. Nossa reflexão hoje é baseada em Aristóteles e versa sobre o bem deliberar. Aristóteles, um dos mais destacados filósofos gregos que iluminam nossa humanidade até nos dias de hoje, nos deixou um legado de conhecimento e sabedoria. A herança desse filósofo que viveu entre 384 a.C. a 322 a.C., passa por muitas disciplinas: algumas, por exemplo, como lógica, metafísica, biologia, política e até pela economia. Contudo, há um pensamento grego atribuído a Aristóteles sobre virtude, que é assaz interessante: “a virtude está no meio”. Mas, se essa ideia for tirada do contexto em que ela foi escrita, algumas pessoas acabam interpretando de forma equivocada. Vamos a alguns exemplos ilustrados com perguntas: - Você é de esquerda ou de direita? Não, eu não sou nem de esquerda nem de direita, eu sou do centro. - Você gosta de vinho ou cerveja? Diante desses questionamentos objetivos de qual sua ideologia ou de qual bebida alcoólica gosta, então você pensa antes de responder: “Não vou gostar nem de vinho, nem de cerveja, vou gostar de outra coisa”. Dessa forma, toma esta decisão, embora goste de cerveja e algumas pessoas acreditam que ficar em cima do muro é que é ser virtuoso. Para Aristóteles, ficar em cima do muro era a pior coisa que poderia acontecer. Pessoa em cima do muro só merece uma coisa, ser derrubada do muro. Para o filósofo grego, essa é uma atitude que não há virtude alguma. Quando Aristóteles dizia que a virtude está no meio, provavelmente queria dizer que a virtude está em ficar no meio da balança. Lembra-se daquelas balanças mecânicas antigas, onde tinha dois pratos e no meio uma seta indicando para onde o prato pesava mais? Caminho do meio aristotélico tem essa conotação. Virtude está no meio significa no meio da ponderação. Não é que a virtude está ali no meio da balança, mas sim é ali que está a mensuração para onde vai pender o prato da balança. Portanto, a ideia então que a virtude está no meio é a de pesar os dois lados e ponderar porque para Aristóteles a virtude é o bem deliberar. Como cidadãos de bem, somos policiados a deliberar corretamente, temos que decidir corretamente e, para decidir corretamente, nesse sentido ponderando os dois lados da balança, eu tomarei a decisão correta, e aqui, serei um ser de virtudes. Estamos num ano eleitoral, num ano em que precisamos decidir entre esse e aquele candidato, partido A, B ou C. Ficar em cima do muro é não ser virtuoso. Sabemos que os profissionais de marketing vão usar todas as estratégias para que a sua decisão, a minha decisão, o nosso voto seja o mais emocional possível, afastando-nos da razão, e nesse caso a emoção pode não ser uma boa conselheira. Escutar a proposta de cada um dos candidatos, colocar na balança suas ações, sua história, suas obras, suas propostas, ideias, sua trajetória antes e depois que entrou na política, ponderar cada peso do prato da balança e só depois decidir, isso é ser virtuoso. Isso era assim para Aristóteles. E para você hoje, o que é o bem deliberar? Por: Beto Colombo