segunda-feira, 14 de maio de 2012

Nossos Velhos Heróis

Querido leitor, aceite o meu fraternal abraço. Nosso tema hoje é sobre nossos velhos, nossos pais. Li recentemente um artigo da escritora Martha Medeiros, cujo título é o mesmo que o meu: “Nossos velhos”, que julguei ser importante que mais gente pudesse refletir. Pais heróis e mães heroínas do lar, escreve Marta Medeiros, lembrando que muitos de nós passa boa parte da nossa existência cultivando estes estereótipos. Mas, chega o dia em que o pai herói começa a passar o tempo todo sentado, resmunga baixinho e puxa uns assuntos sem pé nem cabeça. Além do pai herói, também a heroína do lar começa a ter dificuldade de concluir as frases e dá de implicar com a empregada. “O que papai e mamãe fizeram para caducar de uma hora para outra?”, pergunta ela. A resposta é implacável e inadiável: Envelheceram... Nossos pais envelhecem. Ninguém havia nos preparado para isso. Boa lembrança da escritora gaúcha, ninguém nos ensinou e nem falou a sério que nossos pais iriam envelhecer. “Um belo dia eles perdem o garbo, ficam mais vulneráveis e adquirem umas manias bobas”, enraíza ela. Chega um tempo em que nossos pais se cansam de cuidar dos outros e de servir de exemplo: agora chegou a vez de eles serem cuidados e mimados por nós, nem que para isso recorram a uma chantagenzinha emocional. Afinal de contas, eles têm muita quilometragem rodada e sabem tudo, e o que não sabem eles inventam, escreve Martha Medeiros. Nossos heróis, agora, não fazem mais planos a longo prazo, dedicam-se a pequenas aventuras, como comer escondido tudo o que o médico proibiu. Estão com manchas na pele. Ficam tristes de repente. Mas, ressalta Martha Medeiros, não estão caducos: caducos ficam os filhos, que relutam em aceitar o ciclo da vida. Todos sabemos que é complicado aceitar que nossos heróis e heroínas já não estão no controle da situação. Estão frágeis e um pouco esquecidos, têm este direito, mas seguimos exigindo deles a energia de uma usina. Não admitimos suas fraquezas, seu desânimo. Ficamos irritados e alguns chegam a gritar se eles se atrapalham com o celular ou outro equipamento e ainda não temos paciência para ouvir pela milésima vez a mesma história que contam como se acabassem de tê-la vivido. Em vez de aceitarmos com serenidade o fato de que as pessoas adotam um ritmo mais lento com o passar dos anos, simplesmente ficamos irritados por eles terem traído nossa confiança, a confiança de que seriam indestrutíveis como os super-heróis. Provocamos discussões inúteis e os enervamos com nossa insistência para que tudo siga como sempre foi. Essa nossa intolerância provavelmente só pode ser medo. Medo de perdê-los e medo de perdermos a nós mesmos, medo de também deixarmos de ser lúcidos e joviais. Com todas as nossas irritações, só provocamos mais tristeza àqueles que um dia só procuraram nos dar alegrias. Por que não conseguimos ser um pouco do que eles foram para nós? - pergunta a escritora. Quantas noites estes heróis e heroínas passaram ao lado de nossa cama, medicando, cuidando e medindo febres! E nós ficamos irritados quando eles esquecem de tomar seus remédios, e ao brigar com eles, os deixamos chorando, tal qual crianças que fomos um dia. É uma enrascada essa tal de passagem do tempo. Ensinam-nos a tirar proveito de cada etapa da vida, mas é difícil aceitar as etapas dos outros... Ainda mais quando os outros são nossos alicerces, aqueles para quem sempre podíamos voltar e sabíamos que estariam com seus braços abertos, e que agora estão dando sinais de que um dia irão partir sem nós. Façamos por eles hoje o melhor, o máximo que pudermos, para que amanhã quando eles já não estiverem mais aqui conosco possamos lembrar deles com carinho, de seus sorrisos de alegria e não das lágrimas de tristeza que eles tenham derramado por nossa causa. Afinal, nossos heróis de ontem... Serão nossos heróis eternamente... É assim como nossos heróis se apresentam à Martha Medeiros e para mim hoje. E você, o que pensa sobre nossos velhos heróis? Por: Beto Colombo

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