domingo, 19 de agosto de 2012

UM DIVÃ PARA DOIS





Depois de trinta anos de casamento há de se compreender que o relacionamento conjugal esfrie e se torne mais monótono. Dificilmente um casal que ultrapassou a casa dos sessenta nos de idade tem a mesma disposição sexual e libido que nos primeiros dez anos de união. Assim, muitos casais acabam por manter uma rotina tranquila, sem qualquer romantismo.

Só que os tempos modernos surpreendem. O avanço da medicina (Viagra, reposição hormonal) e o consequente aumento da expectativa de vida alteram esse quadro social. Os divórcios não só triplicaram após a meia idade, como também se intensificaram nas idades mais avançadas. 

Se com a longevidade é possível viver vinte anos mais, por que não o fazer de forma mais prazerosa e encarar um recomeço?

É deste tema tão atual que a nova comédia de David Frankel (Marley & Eu, O Diabo Veste Prada) se alimenta. O diretor escolheu para interpretar os sessentões em crise matrimonial mais do que ótimos atores, astros da calçada da fama. Assim, Meryl Streep é Kay e Tommy Lee Jones, Arnold, um casal do meio oeste americano, que está celebrando 31 anos de casamento.

Os filhos adultos já se saíram de casa faz tempo e Kay e Arnold dormem em quartos separados e não tem relações sexuais.

As revindicações começam por parte dela. Kay não quer mais presentes que sejam para casa - o último foi uma assinatura de canais de TV a cabo. Ela quer novamente intimidade com o marido, que a ignora toda noite por programas de golfe na televisão.

Um dia, então, Kay compra um livro de autoajuda para relacionamentos e vai procurar apoio do autor, o psicólogo Dr. Bernie (Steve Carell).

A proposta é participar de um tratamento intensivo para casais, fazendo um retiro de uma semana em uma cidadezinha próxima a divisa do Canadá, que incluem sessões de terapia com o Br. Bernie.

Depois de bastante pressão e a contragosto, Arnold decide acompanhar a esposa no tal programa, do qual acredita não passar de charlatanismo.

As situações vivenciadas pelo casal para erotizar e apimentar uma relação apática e desgastada são hilárias. Em meio ao cômico estão questões incômodas sobre envelhecer e o envelhecer juntos. Não há culpados pela frigidez que se instalou, mas a trama expõe as responsabilidades e dificuldades individuais.

Um tema extremamente sério camuflado de comédia de costumes. É possível que casais há tempo juntos se identifiquem e se emocionem. Contudo é diversão para qualquer idade. Crítica: Por Érika Corrêa 



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