segunda-feira, 11 de junho de 2012

TRAVESTIS PROTESTAM CONTRA MACHISMO GAY

A Paulista e adjacências foram hoje mais uma vez tomadas pela Parada Gay. Que já virou um carnaval. Feito não só por gays. O ser humano gosta de travestir-se. Se no carnaval se traveste em qualquer coisa, na Parada não falta hetero que se travista em homo ou que dela participe sem mesmo travestir-se. Segundo os organizadores, teria tido quatro milhões de participantes. Segundo o Datafolha, 270 mil. Já é algo considerável. Desta vez, o mote da passeata foi dada pelos pastores evangélicos que afirmam que homossexualismo tem cura. Os gays reagiram e adotaram um tom político na escolha do tema deste ano: "Homofobia tem Cura: Educação e Criminalização". E aqui surge o problema. Os militantes gays estão tentando criar uma nova tipificação jurídica, a homofobia. Seria algo como repulsa, rejeição, preconceito em relação aos homossexuais. Para começar, como tantos outros que surgem na imprensa, o neologismo está errado. Homo significa mesmo e fobia significa medo. Literalmente, a palavrinha significaria mesmo medo. Mesmo tomando homo como significado de homossexuais, a palavra continua errada. Significaria medo de homossexuais. Ora, ninguém tem medo de homossexuais. O medo que pode existir é de alguém descobrir-se homossexual. É o caso desses religiosos que vivem vituperando contra a homossexualidade o tempo todo. Pelo jeito, querem esconjurar o demônio. Quem está patrocinando esta tal de legislação anti-homofóbica é o PT. E só podia ser. Com a queda do muro de Berlim e o desmoronamento da União Soviética, as viúvas do Kremlin, saudosas da finada luta de classes, criaram agora outros conflitos. Se você for pesquisar os arquivos de jornais – e eu fiz esta pesquisa na Folha de São Paulo – verá que na década de 90 a palavra racismo se multiplica por mil na imprensa. Se a luta de classes obsolesceu, vamos agora jogar raça contra raça. Se isto não bastar, jogamos sexo contra sexo. Sem lutas, a Idéia – como se dizia no início do século passado – não avança. Segundo o presidente da Associação da Parada do Orgulho LGBT (APOGLBT) de São Paulo, Fernando Quaresma, a homofobia tem cura, não por ser uma doença, mas porque pode ser melhor abordada. "Ela deveria ser discutida nas escolas, por exemplo". Observa-se uma espécie de militância na opinião de Quaresma. É como se não gostar de gays fosse crime e as crianças devessem ser educadas no sentido de amá-los. É de menino que se torce o pepino. Ora, tropeço todos os dias com gentes que abominam a idéia de relações entre pessoas do mesmo sexo. São mentes tacanhas, dominadas por aquela visão cristã do mundo que condena o homossexualismo (masculino pelo menos) como abominação. Que se vai fazer? É o que a Bíblia diz. Pretendem os militantes gays que tais pessoas abandonem a própria religião? Aí já é interferir na liberdade de pensamento. Há horas venho afirmando que o ativismo gay iria tropeçar com a Bíblia. Já tropeçou, e há muito. Madrinha da causa LGBT, a senadora Marta Suplicy - que é capaz de faltar a uma reunião do PT em apoio a seu candidato à prefeitura de São Paulo, mas não abre mão do voto dos crentes -, abriu uma exceção ao projeto de lei. Nos templos, seria permitida a condenação do homossexualismo. Com isto deixa claro que, fora dos templos, qualquer crítica ao homossexualismo está sujeita às penas da futura lei. Se um padre ou pastor ler o Levítico em um templo, tudo bem. Se ler em praça pública, cadeia nele. Segundo a ex-prefeita, São Paulo não avançou em políticas públicas de combate à homofobia. É o que leio na Folha de São Paulo. "Eu fui a coordenadora do projeto de orientação sexual na gestão da Luiza Erundina. E na minha gestão fizemos a mesma coisa. Eu comentava com o prefeito Kassab que hoje não existe mais isso. Todo esse trabalho de educação sexual faz parte dos ensinamentos e tem de estar na escola". A senadora quer colocar o Estado a serviço da causa gay. Seu propósito, no fundo, não é o de ensinar, mas doutrinar. Com tantas disciplinas importantes que não existem nas escolas, só o que faltava pôr a escola a serviço da causa dos ativistas homo. A organização e a militância LGBT protestam pela aplicação do projeto Escola Sem Homofobia, voltado a professores da rede pública. O grupo também pede a aprovação do projeto de lei 122/06, que há seis anos tramita no Senado e pede a criminalização da homofobia. Criminalização da homofobia significa o seguinte: crime contra homossexuais custa mais caro. Beto de Jesus, que foi secretário da Ilga (Associação Internacional de Lésbicas e Gays para América Latina e Caribe, em inglês) por oito anos, diz que a comunidade LGBT enfrenta agora o desafio de superar a violência. "As pessoas olham de fora e dizem que está tudo bem, mas não dá para dizer isso dentro de um contexto no qual a cada 36 horas um homossexual morre por crime de ódio", afirma. Sofisma puro. Toda vez que um homossexual é assassinado, é crime de ódio. Ora, no Brasil morre muita gente, por razões outras que não a de ódio. É normal que homossexuais também morram em função da violência imperante. Isso sem falar que a maior parte das vezes homossexuais são mortos por homossexuais. E isto, evidentemente, não terá como causa a tal de homofobia. Nesta parada, pela primeira vez ocorreu algo insólito no mundo homossexual. Um racha. Os travestis, como não tiveram um trio elétrico ao qual julgavam ter direito, se sentiram descriminados. Além disso, tiveram de se contentar com o último dos carros. A ira das moçoilas não tardou em se manifestar, através de um protesto da Frente Paulista de Travestis e Transexuais. Travestis e transexuais iriam vestidas de professora, enfermeiras, advogadas. Segundo o travesti Janaína Lima, “os organizadores pediram que nós não fossemos peladas ou de vestido curto. Mesmo a gente achando que no fundo tinha algum preconceito porque boy de sunga branca sem camisa iria ter aos montes, nós concordamos porque era uma maneira de dar visibilidade aos transgêneros.” E dê-lhe assembleia e manifesto, cobrando o direito de cidadania para as meninas: “Nós, travestis e transexuais reunidas no dia 09 de junho de 2012 após discussão pelo conjunto de pessoas presentes na reunião ordinária, como consta registrado em ATA, vimos por esse intermédio protestar pela forma como foram tratadas as travestis e transexuais desse estado na 16ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo. Não concordamos com os argumentos usados nas discussões para as nossas participações limitando e impondo o modo de nos vestir e se comportar durante a parada, ainda assim concordamos. Porém, nem com esse acordo fora disponibilizado para nós o trio como de costume, mais espanto causou ainda quando fomos informadas que nem as nossas participações nos demais trios fora garantida como um acordo prévio com os organizadores da mesma. Nesse sentido não nos cabe outra atitude senão PROTESTAR pela forma transfóbica dos organizadores da 16ª Parada e esperar que a gente possa ser incluída não somente nos discursos, mais nas ações e atitudes que tenham a ver com a população LGBT de São Paulo, pois também fazemos parte dessa cidade e estado”. Para Janaína, toda esta situação escancara um certo desdém, mesmo que implícito, pelas vítimas mais visíveis da homofobia. “Com esta gestão não conseguimos diálogo algum, existe uma invisibilidade para as travestis e transgêneros. A Parada Gay hoje é uma parada machista e misógina”. Ó tempora, ó mores. Travestis acusando os gays de machistas. Nossos olhos contemporâneos estão vendo fenômenos que jamais foram vistos pelos homens do passado.  Por:  Janer Cristaldo

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