segunda-feira, 7 de julho de 2014

CAUSA EFICIENTE

Há um bom tempo aprendi em Filosofia Clínica que o papel de um professor é potencializar as características de um aluno de modo a promovê-lo a partir de si mesmo. Numa organização, qual o verdadeiro papel do líder? Não seria exatamente o mesmo, ou seja, potencializar em seus liderados o que eles têm de melhor? Ser líder, entre outras coisas é ter a capacidade de identificar no liderado as capacidades a serem desenvolvidas e propiciar um ambiente adequado para o seu desenvolvimento. Para ilustrar o processo de um bom líder podemos tomar por base Aristóteles, sendo que ele foi o preceptor de Alexandre da Macedônia. Usarei três conceitos do filósofo para ilustrar a formação de um líder, são eles: potência, ato e causa eficiente.

O primeiro dos conceitos é potência, o qual mostra tudo aquilo que está esperando as condições adequadas para aparecer. Pode-se citar o exemplo de uma semente, nela está em potência uma árvore, mas esta só aparecerá quando as condições forem adequadas para isto. Numa pessoa, o líder que é formador percebe em seus liderados quais são as capacidades que estão apenas como potência, ou seja, as capacidades que ainda não encontraram as condições para aparecer. Em muitos casos o colaborador é dedicado, pontual, pró-ativo, busca melhorar a cada dia, mas falta-lhe amadurecer algumas características. O líder formador consegue perceber os potenciais, sabe que aquele ou aquela colaboradora tem algo que precisa ser cultivado para que aconteça. Desta forma, pode-se dizer que um líder que não forma outros líderes provavelmente não consegue ver no outro potenciais, capacidades a serem desenvolvidas. Desta forma pode-se questionar se ele é de fato um bom líder.

Outro conceito é a causa eficiente, o qual remete-se ao que faz com que o movimento aconteça. A causa eficiente pode ter como exemplo o movimento de uma bicicleta que tem como causa eficiente o homem que pedala. Desta forma o líder que se torna causa eficiente é aquele que percebe a potência do colaborador e faz com que ela aconteça. O líder percebe que seu colaborador tem em potência criatividade e se torna causa eficiente dando ao colaborador a oportunidade de trabalhar no setor criativo da organização. O mesmo pode acontecer com um colaborador que tem como potência a organização, o controle, e este é convidado pelo seu líder para cuidar do estoque, fazendo com que a potência aconteça. Todo líder que se torna causa eficiente é um líder que provoca movimento, pois toda causa eficiente faz com que aconteça a passagem da potência ao ato.

O ato é aquilo que é, que se tornou real, fato. Assim, quando a organização tem um líder que é causa eficiente, ele percebe quais são os potenciais de seu colaborador e cria as condições para que estes potenciais se tornem em ato. O líder causa eficiente conhece seus liderados a ponto de saber seus potenciais e como é necessário agir para que este potencial se torne ato. Quando esta relação entre causa eficiente, potência e ato está harmônica o líder se relaciona com o colaborador como formador de outros líderes. Quando um líder é formador começam a aparecer as equipes de alta performance, ou seja, todos os potenciais são aproveitados da melhor maneira.

Não é preciso estar dentro de uma organização para ser causa eficiente. Um pai, por exemplo, pode perceber nos seus filhos quais são os potenciais e criar as condições para que eles se tornem ato. Um bom professor pode perceber em seus alunos os potenciais, um bom agricultor pode perceber nas suas terras os potenciais. O grande desafio não é criar as condições, mas criar as condições de acordo com a pessoa e seu potencial. O motivo pelo qual alguns líderes têm dificuldades para formar seus liderados, é o fato de não conhecem seus colaboradores.
Por: Rosemiro A. Sefstrom Do site:http://rosemirosefstrom.blogspot.com.br/

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