segunda-feira, 3 de setembro de 2012

BEBEZÕES

Queridos e atenciosos leitores, aceitem o meu fraternal e caloroso abraço. Hoje vamos nos aprofundar em um tema cada vez mais corriqueiro em nossa sociedade, os bebezões.

Quando falo bebezões, não me refiro às crianças recém-nascidas com tamanhos avantajados. Pelo contrário. Meu foco é os nascidos há tempo, mas que, em muitos casos, agem como se fossem os bebezões. É uma categoria inovadora de ser humano, que são os adultos infantis.

Quantos anos você tem? É uma pergunta ouvida por todos em diversas situações da vida. Quem questiona quer saber há quanto tempo seu interlocutor está nesta existência, quando nasceu, enfim, até qual sua experiência de vida, como se a idade dissesse tudo. Às vezes sim, a idade diz muita coisa, mas às vezes não.

Para nos aprofundarmos um pouco mais neste assunto vamos no ater a Filosofia Clínica. Fiquemos no tópico 10, que é raciocínio. O jovem e a jovem sempre tiveram ótimos mestres, excelentes professores. Suas mentes são bem alimentadas com informações claras e precisas. Enfim, podemos dizer que são destacados profissionais e por isso são admirados, paparicados e, em alguns casos, “endeusados”. Jamais enfrentam um obstáculo, uma adversidade, uma perda. Praticamente nunca administraram uma crítica negativa a seu respeito.

Contudo, quando surge a sua frente um momento onde são contrariados, questionados, criticados, enfim, suas posições de paparico familiar enfrentam a realidade, não têm estrutura para tal. Com medo do novo, inseguros com os desafios inéditos, emocionalmente imaturos, retornam à infância, viram bebezões. Comportam-se como o menino que chora porque não quer fazer a tarefa da escola para jogar bola na rua com os amigos, como a menina que lacrimeja secamente porque não ganhou o pirulito desejado.

Observa-se no dizer de muitos, “nossa, já é um homem”; ou “ela transformou-se em uma mulher”. Claro que estas frases têm como referência somente o físico, não as ações, que é a referência mais confiável. Cada vez mais os jovens crescem de tamanho, em idade, valores, axiologia, enfim, desenvolvem diversos tópico, mas no tópico 4, emoções, são verdadeiros analfabetos de si.

Fico pensando se estou sendo crítico demais com nossos tempos, pois vivo observando e questionando: que seres humanos estamos criando? Parece-me que jovens, homens e mulheres dependentes dos pais, das relações afetivas, da segurança do calor familiar. Pessoas inflexíveis, com dificuldades de administrar perdas e enfrentamentos. 

Fico observando inúmeras famílias e vejo alguns filhos que, ao invés de buscarem relações fora, acabam retardando a saída de casa, onde têm todo o conforto seguro. Para que correr riscos? Meu pai me apoia e resolve minhas encrencas. Ou seja, isso acontece com a conivência dos pais. E há aqueles que casam e ao invés de construírem seu próprio lar, acabam trazendo o cônjuge para a segura vida embaixo da asa dos progenitores. Se é certo ou errado, ainda não sabemos, mas minha pergunta hoje é: que geração emocional estamos criando com esse emaranhado de dependência emocional? Onde tudo isso pode dar é um mistério. Mas onde já deu, é fato.

É assim como o mundo me parece hoje. E você, conhece algum bebezão?
Por: Beto Colombo

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