sábado, 30 de novembro de 2013

ANFITRIÃO

Nos últimos tempos tive o privilégio de atender algumas grávidas, ajudá-las a passar por um momento que nem sempre é de alegria. No trabalho com uma delas me chamou atenção sua preocupação com o mundo para o qual traria seu filho. Dizia ela ter ouvido muitas mulheres que alegam não querer filhos pela situação em que o mundo se encontra. Depois de um dos atendimentos me lembrei de Anfitrião. Cito um trecho do que pode ser encontrado na internet: “na mitologia grega, Anfitrião era marido de Alcmena, mãe de Hércules. Enquanto Anfitrião estava na guerra de Tebas, Zeus tomou a sua forma para deitar-se com Alcmena e Hermes tomou a forma de seu escravo, Sósia, para montar guarda no portão. Uma grande confusão foi criada, pois Anfitrião duvidou da fidelidade da esposa. No fim, tudo foi esclarecido por Zeus, e Anfitrião ficou contente por ser marido de uma escolhida do deus. Daquela noite de amor nasceu o semideus Héracles. A partir daí, o termo anfitrião passou a ter o sentido de "aquele que recebe em casa". O mesmo ocorreu com sósia — "cópia humana", ou seja, semelhança humana”. Antes de qualquer riso de canto de boca, é necessário entender que para um ser humano grego ter sua mulher escolhida por um Deus como sua amante era um privilégio, semelhante a Virgem Maria. 

Desde então o termo Anfitrião é utilizado para a pessoa que recebe as pessoas em sua casa, que paga uma conta, que dirige um evento. Anfitrião é então aquele que recebe e orienta o que a pessoa irá viver enquanto estiver em sua companhia. Quando você recebe alguém em sua casa e é o Anfitrião, como é que você faz? Se eu fosse a sua casa, o que me mostraria? A sujeira embaixo do tapete, os restos de comida em potinhos na geladeira, o banheiro que ficou sujo, ou me ofereceria o que tem de melhor em sua casa? É provável que você, ao receber os amigos, se prepare, arrume a casa, compre o que é necessário para satisfazer seus convidados. Seguindo nesta linha de pensamento pensei na mulher grávida com quem conversava, não pensando-a como mãe, mas como uma Anfitriã. Agora, era a mãe que estava com um convidado para chegar, deveria ela estar preparando tudo para que seu convidado ficasse satisfeito. 

A criança ao chegar ao mundo tem os pais por anfitriões, sua visão de mundo dependerá inevitavelmente do que for mostrado inicialmente pelos pais. Se os pais mostram à criança um mundo mau, violento, onde as pessoas se voltaram umas contra as outras, é provável que a criança viva este mundo. Não digo que os pais devem criar um mundo de fantasia, mas não precisam necessariamente criar um mundo mau. Quando uma pessoa vem me visitar mostro a ela a casa, os ambientes, como se vive na casa, mas também peço cuidado com o cachorro, pode morder. Dizer que existem perigos em minha casa não significa fazer do cachorro um monstro devorador de pessoas, deve-se apenas deixar ele no espaço dele.

Você, enquanto mãe, sabe em que mundo o seu filho virá? Eu sei: o mundo que você preparar para ele, um mundo no qual você é a anfitriã e pode direcionar de acordo com o que entende ser melhor. Ao longo da vida ele provavelmente vai construir a visão dele, esta pode ir contra, a favor, compor com a que aprendeu com você. Mas, antes de chegar à autonomia o mundo passa pelo filtro do anfitrião, que aponta o que e como viver. Para ser um bom anfitrião não basta estar preparado para os convidados, é necessário estar preparado de acordo com o convidado que virá. Qual é o seu convidado? O texto sobre Anfitrião foi retirado de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Anfitrião (Acesso em 26.11.2013)

Rosemiro Sefstrom

3 comentários:

Maria Lúcia Dário disse...

De minha parte, preferi não trazer nenhum filh@ ao mundo. Eu preferi não ser anfitriã. Acho que essa possiblidade também deve ser considerada. De qualquer maneira, gostei do artigo.

Anônimo disse...

Muito interesante, uma lição de vida, gostei muito, mais uma explicação de como ver a vida e entender porque pessoas tem maneiras e formas diferentes de enfrentar o mundo de frente, com coragem ou então com medo de tudo por terem sido recebido e vivido seus primeiros anos de ensinamentos por anfitreões despreparados, sem terem culpa também, porque foram recebidos assim também, e assim é o mundo, por isso muitos são selecionados e poucos são escolhidos.
Denir Porciúncula

Anônimo disse...

Bom dia,

Com essa reflexão a semana já começa de outra forma.

Att,
Silvia