quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

VONTADE E MÉTODO

Em algumas organizações o que vale é basicamente a motivação, o ânimo, a vontade. Dizem os gestores que sem motivação os resultados não aparecem, por isso estão constantemente investindo em palestras motivacionais. A motivação tem como função fazer com que pessoa tenha vontade de trabalhar, que ela queira, busque, tenha ânimo para produzir. Em outras organizações o peso está mais sobre o método, o lado motivacional fica um tanto de lado, cabe aqui um discurso mais racional, de cunho mais prático. Numa organização os resultados irão aparecer, na outra também. No entanto há uma limitação quando se fala em vontade, pois por mais que se tenha vontade a falta de um método pode conduzir tudo ao fracasso. A vontade pode continuar e o fracasso se repetir, isso intermináveis vezes. A não ser que se tenha um complexo de Sísifo, que é começar algo que já sabe que vai dar errado, a sugestão é continuar com a vontade, mas rever o método.


Infelizmente não é assim tão simples aprender e aplicar métodos, pois em muitos casos o método freia a vontade, o ímpeto. Um vendedor, por exemplo, que vai na vontade, no ânimo fala mais, se coloca de maneira inadequada em muitas vezes, perde alguns negócios, mas vivencia a vontade. Não há nada de errado com isso, é o estilo dele, faz parte dele vivenciar a venda de maneira subjetiva. O que logo começa a aparecer é que certos clientes não são atendidos a contento, a organização percebe que a qualidade técnica do vendedor limita sua produtividade. Não é diferente no setor financeiro, mesmo com toda a vontade possível, a falta de método pode gerar graves problemas. A vontade pode criar relacionamentos, trazer melhores propostas, mas a falta de método faz com que pessoa não perceba onde e como pode melhorar o desempenho da organização.

Um filme que vale a pena assistir chama “Rush – No limite da emoção” que conta a história da temporada de 1976 da Formula 1, tendo como centro da história a competição entre James Hunte e Niki Lauda. James Hunt, o jovem era conhecido em sua época pela vontade com que vivia a vida. Essa vontade podia ser traduzida na intensidade com que fazia tudo, desde a vida profissional até o trabalho. Do outro lado Niki Lauda, também jovem, mas de uma vertente diferente, muito mais metódico e calculista. O diferencial entre Hunt e Lauda nas pistas era o modo como cada um conduzia seu carro, a vontade de um contrastava com o método do outro. Para Lauda, por mais que houvesse vontade, o método vinha em primeiro lugar, enquanto Hunt vivia a vida ao máximo colocando a vontade em primeiro lugar.

Nas telas dos cinemas, em histórias contadas em programas sensacionalistas, em livros de autoajuda e tantos outros materiais o destaque geralmente se dá na vontade. No entanto, a vontade limita, o próprio James Hunt é prova disto, pois sua vontade levou a conquista de um campeonato, enquanto Niki Lauda foi tri campeão de Formula 1. Em Filosofia a vontade, como apontado por Schopenhauer, pode ser a forma como algumas pessoas constroem sua representação de mundo. No entanto, outros tantos optam por Descartes, filósofo pelo qual o método ganha importância e torna a ciência confiável. A disputa entre a vontade e o método não é o que recomendo, mas a união das duas, uma equipe com vontade e método. Quando esse for o cenário, com certeza o desempenho será o melhor possível. 

Numa organização, meio que parafraseando Arthur Shcopenhauer, os resultados virão de forma mais expressiva como tivermos “O mundo com vontade e método”. A vontade, como elemento motivacional, que também pode ser dado pela organização e o método, como um caminho seguro que conduz ao resultado. 
Por: Rosemiro A. Sefstrom Do site: http://rosemirosefstrom.blogspot.com.br/

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