quarta-feira, 17 de setembro de 2014

QUAL O TAMANHO DO PAVIO?

Uma das alegorias mais comuns sobre o temperamento das pessoas é o pavio. Às pessoas que tem paciência e agüentam grande carga de problemas sem reclamar ou “explodir” com outras pessoas, são chamadas de pavio longo. Já aquelas pessoas que por pouco, quase nada “explodem” com quem estiver por perto, recebem o termo “pavio curto”. Esse processo de encher acontece com pessoas que usam o procedimento que chamamos de adição, ou seja, elas somam o que acontece durante o dia.


A adição, ou processo de soma, pode acontecer de muitas maneiras, uma delas é a adição de coisas ruins. É fácil sentar em um banco pela cidade e ficar meia hora ouvindo as conversas e perceber que algumas pessoas contam muitos eventos ruins. Algumas pessoas ouvem estas informações dos jornais, por exemplo, e esquecem logo em seguida. Mas muitos dos que ouvem podem fazer o processo aditivo, somar um assassinato, com um assalto, com uma briga, com o aumento da gasolina, com a inflação e tudo o que fizer parte da conversa. Essa pessoa provavelmente terá muito conteúdo ruim para trabalhar, uma vez que adicionou tudo que lhe foi dado. Muitas pessoas têm o hábito de adicionar o que é ruim, e as coisas boas que passam perto sequer são identificadas.

Coloquemos este processo aditivo em uma relação de marido e mulher. Imagine que sua esposa faz o processo de adição, mas é um processo muito curto, em alguns dias ela se incomoda com as coisas e logo briga, chora, grita. Você, com o tempo acostuma e a cada tanto ela faz esse processo, mas logo depois tudo volta ao normal, à rotina. No entanto, o marido faz um processo aditivo muito mais longo, leva algum tempo, um , dois, dez anos até atingir o limite e explodir. Quando a explosão acontece é algo tão fora da realidade da esposa, que nunca viu tal evento que ela pode significar como falta de amor.

A explosão se refere ao momento em que a pessoa chegou ao seu limite e termina por colocar toda sua insatisfação para fora. Utilizei o termo explosão por ser um comportamento geralmente descontrolado, no qual a pessoa grita, bate, chora, algumas vezes simplesmente desmaia. É importante perceber que em muitos casos a explosão acontece com quem nada tem a ver com o ocorrido. Como a esposa que espera o marido em casa, depois de um dia cansativo, o marido chega em casa e percebe algo que lhe desagrada. Naquele momento ele explode, diz coisas que jamais diria se não fosse naquelas condições.

O conteúdo da explosão em muitos casos em nada tem a ver com o que aconteceu no momento, uma vez que a pessoa adiciona elementos diferentes. Quem acompanha este processo, deve entender que pode não ter a ver com o que está acontecendo e que a pessoa está simplesmente descarregando de forma bruta. O conteúdo elaborado, bonitinho, socialmente correto, nessas horas fica de lado. Pode não ser fácil, mas seria ideal se houvesse a compreensão por parte de quem acompanha a explosão que percebesse que pode não ter a ver com o acontecido. Mas que a pessoa precisa jogar todo aquele lixo que guardou para fora.

O tamanho do pavio de cada um tem a ver com quanto conteúdo é possível de se adicionar. Para algumas pessoas o processo de adição e nada é a mesma coisa, elas esquecem, simplesmente deixam para trás e seguem seu caminho. Mas as pessoas que o fazem vivem sob a pena de catalogar e alocar cada conteúdo vivido. Aqueles que convivem com estas pessoas devem prestar atenção ao processo e perceber que tipo de conteúdo é adicionado e como isso acontece. Basta prestar atenção às expressões como: “Outra vez; de novo; mais um dia; está me enchendo; parece que vou explodir.” E tantas outras expressões que denotam a operação de soma.
Por: Rosemiro A. Sefstrom Do site:

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